domingo, 10 de maio de 2020

Testes com vários nozzles, variando temperatura e velocidade!

Isto vai ser um post longo, mas confiem que vai valer a pena. No fundo, vai ser um estudo da influência da velocidade de impressão, temperatura e nozzle na impressão de uma peça de teste. A peça de teste permite verificar a acuidade na impressão de um circulo na vertical e na horizontal, para além o overhangging de um traço à vertical. Para além disso, foram sujeitas a um esforço de torção com uma chave inglesa e a compressão com um torno. Os ensaios foram feitos numa Tenlog Tl-D3, em modo mirror, onde de um lado tinha um bico de latão e do outro um de aço inox sem qualquer isolamento. Ambas as cabeças foram limpas, instalados bicos de aço inox e isoladas com silicone de alta temperatura e as impressões repetidas com o mesmo filamento e com outro filamento "problemático".

Condições de impressão:
base a 65ºC, 2 top-bottom layers, 2 shell, 5% infill.

Condutividade térmica dos metais (W/m K)
Alumínio             - 230/238
Cobre                 - 380/400
Bronze               - 111/120
Aço temperado    - 43/50
Aço inoxidável    -11/15

(De https://www.engineeringtoolbox.com/thermal-conductivity-metals-d_858.html)

1) qualidade de impressão
Estas peças foram impressas com 5% de infill e 2 top/bottom layers, por isso, era previsível que houvesse algumas imperfeições. Nota-se que apenas a troca do bico de latão para inox provoca logo a falta de material, que é corrigida assim que se isola o bico. Também é visível que é parcialmente mitigado ao usar uma temperatura mais elevada: 225ºC. Pensa-se que isto acontece pq o filamento não sai a uma temperatura suficiente para q possa criar a estrutura suspensa. De facto, estamos numa situação extremamente desfavorável, onde o filamento problemático só mitiga parcialmente com uma velocidade mais baixa. De um modo geral, menor temperatura reflecte-se em melhor qualidade e maior preenchimento da superfície suspensa.
  


Nos círculos verticais é onde se nota mais a presença de defeitos causados pela velocidade superior e menor temperatura. nota-se que a esquina do circulo nem sempre está em ângulo recto. Devido à perspectiva da fotografia, também é visível a maior distorção na base do cubo devido ao arrefecimento heterogéneo. Nota-se mais no Inox não isolado e no filamento problemático.





No traço vertical não se nota grande diferença nas várias amostras, excepto no inicio.
 


2)Testes de torção

Nestes testes há grandes variações, e é visível como a troca do bico de latão para inox provoca logo menor adesão das camadas. A menores temperaturas e a velocidade mais elevada a base descolou e nota-se que a deformação não se propagou ao resto do cubo, houve descolamento das camadas. Uma temperatura mais elevada, no bico de aço inox não isolado diminuiu esse efeito. A presença do isolamento alterou drasticamente o resultado, sendo mais parecido ao do bico de latão. Por isso, pode-se por a hipótese que a menor condutividade do aço inox influenciou o aquecimento do filamento, sendo necessário um isolamento térmico. Curiosamente, o filamento problemático teve resultados razoáveis a 225ºC, mas 210ºC não são suficientes para ele.



3)Testes de compressão

Nestes testes temos a influência de vários factores, sendo difícil isolá-los. Temos a adesão entre as camadas e temos a adesão do infill. O que se pode ver é que com o bico de latão a deformação das paredes propagou-se abaixo da linha onde foi aplicada a tensão: isto é, não houve um grande descolamento das camadas, excepto a baixa temperatura. Curiosamente, de um modo geral, menor velocidade parece ter levado a menor adesão entre camadas. É possível que ao demorar mais tempo a imprimir haja um maior diferencial de temperatura entre cada camada, o que leva a maior contracção e tensões internas. Isto pode ser mitigado se as impressoras tiverem dentro de um espaço fechado e com temperatura estável, sem ser só a base aquecida.
Como foi verificado antes, maior temperatura no bico de inox, sem isolamento, permite obter resultados próximos aos do bico de latão.
O "filamento problemático" não mostra ter grande adesão entre camadas, mesmo a 225ºC.





Conclusões

De facto uma troca aparentemente inócua reflecte-se e muito na qualidade e resistência das peças. Não podemos esquecer que do bico de latão para o de inox, a diferença na condutividade térmica é quase de 1 para 10, o que implica que demora mais tempo e necessita de mais energia para aquecer. Isso é visível ao colocar um isolamento térmico, que leva logo a melhores resultados. Por outro lado, a velocidade parece ter maior efeito no aspecto e na distorção da peça, mas se demorar muito tempo a imprimir (de 25min -para 1h10 min) pode também trazer outro tipo de consequência em termos de resistência mecânica.